I have seen more than I remember, and remember more than I have seen
Benjamin Disraeli
Eis o dilema, a urgência do inesquecível filtrada pelo lento apagar da memória. Gosto de imagens que ficam em mim, sem fotografia, ditadas apenas por uma lâmina preciosa a soluçar palavras contra o esquecimento. Em 1997, na cidade de Pádua, deslumbrei-me com os frescos azulares na Cappella dei Scrovegni, cenas da vida de cristo, protegidas pela grandeza poética de Giotto. Assim como recordo ainda o tom desses frescos de Andrea Mantegna na Capela Ovetari, a Igreja dos Eremitani, semi destruídos pela segunda guerra mundial. Em parte, soube desde o primeiro momento que aquelas eram imagens em torno das quais iria cristalizar uma evanescente memória de cores e formas. Reproduzem-se ainda, na minha cabeça, como lugares de íntimo tumulto, que persistem para lá da experiência em trânsito, do tempo que flui sem piedade.